A Axians e POSEUR juntaram-se para desenvolver uma visita virtual à barragem da Calheta na área dos fundos comunitários.

Esta abordagem inovadora permite dar a conhecer à população o impacto do projeto, assim como os seus benefícios e investimento.

“Que tenhamos conhecimento, é a primeira vez, na área dos fundos comunitários, que um projeto foi divulgado com esta tecnologia imersiva”, destaca Paulo Silva, do POSEUR, acrescentando que este é também “um exemplo para a Europa” em termos de comunicação e divulgação.

Um desafio de comunicação

Como dar visibilidade aos projetos apoiados por fundos comunitários? À semelhança de outros Programas Operacionais, este é um dos grandes desafios com que se debate o POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos. O organismo público de gestão de fundos comunitários tem a responsabilidade de divulgar publicamente os projetos cofinanciados – e ambiciona fazê-lo de forma diferenciadora.

Para concretizar esta ambição, Axians e POSEUR juntaram-se para desenvolver uma abordagem inovadora na área dos fundos comunitários: uma visita virtual. “Este produto apresentado pela Axians veio ao encontro daquilo que são as nossas necessidades, mas de uma forma inovadora, já que possibilita ao cidadão interagir com os projetos cofinanciados”, explica Paulo Silva, da Unidade de Gestão e Comunicação do POSEUR. 

Até então, a comunicação destes projetos era feita de forma tradicional: com fotografias e vídeos, divulgadas em eventos e nas redes sociais. “Era sempre o mesmo”, lembra o responsável, destacando que esta evolução para uma visita virtual gera interesse imediato do público.

Uma visita à ilha da Madeira

Definida a aposta tecnológica, o passo seguinte foi definir que projeto cofinanciado por fundos comunitários, sob gestão do POSEUR, poderia ser o primeiro a avançar para uma visita virtual. A escolha recaiu numa obra emblemática, de grandes dimensões, que acaba por passar despercebida devido à sua localização geográfica: a barragem da Calheta, na Ilha da Madeira

A obra de ampliação e transformação do aproveitamento hidroelétrico da Calheta, entre 2016 e 2021, é exemplar dentro do portfólio de projetos apoiados pelo POSEUR. O projeto, promovido pela EEM – Empresa de Eletricidade da Madeira, permitiu criar um sistema energético reversível, que inclui a produção de energia elétrica e a captação, armazenamento e bombagem de água, promovendo a sustentabilidade ambiental e apostando na energia renovável.

De grandes dimensões e disperso geograficamente, o aproveitamento hidroelétrico reúne as condições certas para poder ser trabalhado do ponto de vista de uma visita virtual. “É um projeto que não é fácil de visitar, ou seja, o cidadão comum não chega lá e visita a barragem. Mas é um projeto de grande magnitude, com impacto e bonito, que beneficia desta visita virtual”, explica João Domingues, Extended Reality & Metaverse Co-Innovation Lead na Axians. 

 

 

Contrariando as barreiras geográficas, a visita virtual que foi desenvolvida pela Axians permitiu tornar a barragem acessível a qualquer cidadão, onde quer que ele esteja fisicamente. É uma visita imersiva e atrativa, que segue o fluxo da água desde a nascente até ser transformada na eletricidade que abastece a população madeirense. 

 

A visita virtual está disponível ao público em geral, via desktop ou smartphone. Para uma experiência otimizada, o percurso pode ser feito com recurso a óculos de realidade virtual.

 

Da narrativa à tecnologia: como criar uma experiência imersiva?

Mais do que mostrar, explicar e envolver. Estas foram as forças motoras que guiaram o desenvolvimento da visita virtual à barragem da Calheta. Como explica Paulo Silva, do POSEUR, os objetivos e mensagens estavam definidos à partida: “pretendemos dar a conhecer o projeto por dentro, os benefícios que traz à população, o investimento que foi feito e os indicadores associados, nomeadamente a produção de energia e o número de pessoas impactadas”

Perante o desafio, o desenvolvimento do projeto pela Axians partiu da narrativa. Esta abordagem permitiu que a visita virtual – e todos os recursos associados à mesma – pudessem ser trabalhados, desde o início, tendo em vista a construção de uma história apelativa.  

A equipa multidisciplinar Axians no terreno concretizou, de forma ágil, o conceito narrativo definido. Seguindo a metodologia definida para este tipo de projetos (pré-produção, pós-produção e integração da experiência), foi feito um levantamento prévio das condições no local, antecipando todas as questões logísticas do processo.  

“Temos uma experiência de vários anos neste tipo de projetos e sabemos que a pré-produção é essencial para que o processo seja ágil”, explica João Domingues. Quando chegou o momento de fazer a recolha de imagens das várias localizações – com fotografias 360º, incluindo por drone –, tudo estava a postos. Graças ao trabalho de pré-produção, a captura de recursos visuais foi feita em apenas um dia. 

 

Seguiu-se a fase de integrar recursos e criar a experiência da visita. Instructional designers, designers gráficos e assembly developers criaram os guiões, storyboards, grafismos, animações, vídeos e restantes elementos audiovisuais que permitiram assegurar uma visita virtual informativa e dinâmica.

Para o sucesso do projeto, foram essenciais o envolvimento e a dedicação dos stakeholders ao longo das várias etapas. Tal como adianta João Domingues, “estávamos todos – Axians, POSEUR e EEM – muito alinhados sobre o processo, sobre os momentos-chave de validação e sobre expetativas do outcome final”. E isto fez a diferença. 

 

Mais do que um projeto, um exemplo para a Europa

Passado um mês da adjudicação, a visita virtual ao aproveitamento hidroelétrico da Calheta estava pronta a ser explorada pelo público. “Com a Axians, tivemos um parceiro que foi ao encontro das nossas expetativas e concretizou o projeto em tempo recorde: agarrou a ideia, adaptou-a a este tipo de tecnologia e apresentou um resultado bastante positivo”, reforça Paulo Silva. 

Os timings foram, definitivamente, um dos pontos decisivos do processo. O projeto foi pensado para ser desenvolvido ‘contrarrelógio’ e estar disponível num evento de lançamento, com um stand físico. Para a ocasião foram personalizados 100 óculos de realidade virtual em cartão, para que os primeiros visitantes a ‘mergulhar’ na experiência o fizessem da forma mais imersiva possível.

Depois deste primeiro momento de divulgação, o POSEUR continua a levar a Madeira ao mundo, disponibilizando a visita virtual à barragem da Calheta noutros eventos físicos, como exemplo emblemático dos projetos cofinanciados em Portugal. Em paralelo, a visita virtual está disponível online, para qualquer interessado. 

“Ficámos muito orgulhosos do resultado final: qualquer pessoa que vê o vídeo e faz a visita virtual percebe o que foi construído, como funciona e o impacto que isso tem para as pessoas, para a economia, para a ilha da Madeira”, refere, por seu lado, Pedro Valente, Manager Consulting Services na Axians, realçando também a postura inovadora do POSEUR em todo o processo.

Mais do que uma visita, o sucesso do projeto marca um momento de viragem na forma como são divulgados os projetos cofinanciados – e o POSEUR tem interesse em replicar a fórmula, no futuro, para outros projetos.

“Que tenhamos conhecimento, é a primeira vez, na área dos fundos comunitários, que um projeto foi divulgado com esta tecnologia imersiva”, destaca Paulo Silva, do POSEUR, acrescentando que este é também “um exemplo para a Europa” em termos de comunicação e divulgação. Da Calheta para toda a Europa, a tecnologia de realidade virtual continua a dar cartas na criação de momentos únicos de comunicação e informação imersiva.